sábado

Vendem-se limões

Adorava
o disse-que-me-disse
Em frente à sua banca
Observava o vai e vem da rua
E soltava
Para quem ali ouvisse

Olha aquele ali
É corno
Coitado
Ih, aquela outra.
Gosta de mulher, a dotôra!

O bairro era calmo
E ela pacatamente
Olhava, e criava
Passava o dia
Aumentava um ponto

Amargamente vivia
Pela vida dos demais
E com o gosto de vingança
Pessoal
Tecia seu veneno

Não entendeu muito
O sorriso seguido de gentileza
Doces respostas ao azedo diário
No início daquele verão

Atribuiu às quenturas da temporada
Mexe com a cabeça das pessoas,
Justificou secamente
Para si mesma

Passou outono e inverno
E aquele comportamento da vizinhança
Impecável
Pareceu deixar-lhe constrangida

Hoje está irreconhecível
É simpatia em pessoa
Faz doces para namorada da Doutora
E suspira para o vizinho divorciado,
Ai que homem!
Alguns clientes até os apresentaram
E amanhã vão ao cinema.

Ela, diariamente se gaba
Em frente ao espelho
De sua atuação perfeita

Eles acham que me enganam,
Esses babacas!

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