quinta-feira

Rosinha

Rosinha era assim
Meiguinha, branquinha, quietinha
Ninguém a enxergava
Sempre no seu canto
Passou a vida a observar os outros
Sem nunca ser notada,
Ficava lá triste
No seu canto

Até que acordou um dia
E começou a ver com clareza
O quanto poderia ser
E fazer
Sem ninguém perceber
Começou a entender
Esse seu lado voyuer

E dentro de si
Guardava esse orgulho
Daquela que tudo vê
Sem nunca ser vista
Julgou-se invisível
Tomada por um certo orgulho
De seu poder secreto

Aproveitou-se de situações
Que antes lhe eram difíceis
Podia colar na prova
Furar a fila
Roubar um chocolate na banca
E colocar o dedo no nariz

Ignorando sua presença
E ela a dos demais
Começou a perambular
Aqui e ali
Cometendo pequenos delitos
Cleptomaniacamente
Comemorados como prêmios

Até que um dia
Olhou no espelho
Mas não se viu
Nem ela mesma conseguia
Mais se enxergar

Existira ou era um espectro?
Perdeu a razão de viver
Até hoje, vive cabisbaixa
Não apronta mais
Procura sua imagem
Em cada pedaço de reflexo
Incansável como
Um narciso ao inverso
Que triste chora
Por não mais se encontrar

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei de ver!

Anônimo disse...

Thanks cy ;o)