segunda-feira

Babel

Aquele rapaz que passa ao lado
Não olha nos olhos e disfarça calado
Sorvido no barulho do trem do asfalto
Cambaleia sua rotina no escuro da cidade
Carrega um milhar de anos em cada ombro
Nem par de décadas completado
Sorvido no barulho do trem do asfalto
O rapaz passa ao lado daquele que passa
Passado vazio de sonho frustrado
Observa nos trilhos um futuro descarrilado
E contempla esta opção ao voltar do trabalho
Cansado, sofrido e ensimesmado
Ele olha e sonha e dorme acordado
Num sôfrego suspiro de alívio e fracasso
Imagina o dia que o pulo anteceda o medo
E sofre em silêncio sem virar para o lado

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