terça-feira

Dia dos Namorados para solteiras

Eis que uma amiga ouviu falar que a proporção de homens para mulhes é de 1 para 30 na Capital Federal. Eu fiz as contas e pensei um pouco: saiu quase uma crônica.

A amiga realmente exagerou um pouco nos números.

Quem já foi num forró sem ser chamada para dançar porque simplesmente os homens são tão poucos que antes mesmo de pensarem em tomar a iniciativa alguma atiradinha já está bailando com ele no salão, sabe do que estou falando. Brasília é o paraíso quando comparada a Goiânia, BH e Recife.

Uma busca na internet e achamos os dados do IBGE que mostram as cidades com as piores proporções entre os sexos. Em primeiro lugar está Recife, com uma "oferta" de 12,6 mulheres a cada 10 homens. O DF não está nem entre as 10 cidades com maior desproporção. Ufa. http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/mulher/mulherhoje.html

Assim, reduzimos a questão a um problema mais qualitativo que quantitativo. A concorrência de fato existe, mas ela não é tão grande assim como vemos pelos números. Então, eu pergunto qual é o problema com a mulherada hoje em dia? Ou seria um problema dos homens?

Crescemos lendo os contos de fadas que nos vendem a imagem de que a felicidade para sempre vem só depois de o príncipe derrotar o dragão e nos salvar de todo mal. Aí, veio o feminismo, revolução sexual, queima de sutiã em praça pública e bagunçou todo o coreto. Ganhamos liberdade, independência, matamos o dragão e ainda fizemos um cozido com a sua carne. Mesmo assim insistimos em ser a princesa libertada e exigimos que o príncipe tenha mais de 1,80m, olhos azuis, seja gentil, interessado, participativo, rico, cúmplice, inteligente e bom de cama.

Existe um hiato entre a imagem que fantasiamos e a realidade do mundo moderno. E como a liberdade virou a ordem do dia, assumiram-se os homossexuais, nomearam os mais vaidosos de metrossexuais e a experimentação entre os sexos já não cabe mais numa sigla (ou alguém aí consegue me explicar o que significa GLBTTS?). A cara dos relacionamentos mudou e estamos ainda vivendo modelos antigos.

Homens existem. Curtindo o futebol e a cerveja com os amigos e mais interessados em menos exigências e mais leveza. Mais liberdade. E nós mulheres independentes e modernas, ao conhecer alguém, vamos logo casando no primeiro encontro. Imaginamos como será o casamento, nome dos filhos e onde vamos passar as férias escolares. O coitado se assusta com o cenário e sai correndo sem nem mesmo um beijo de despedida.

Continuamos bobas, posando de princesas na torre esperando que a felicidade venha montada em um cavalo branco. E como eu não quero depender de um encontro cósmico com esse príncipe perdido para ser feliz, prefiro pensar que essa tal felicidade se constrói nos momentos de alegria que tenho com a minha família e meus amigos (vou sim, comemorar o dia dos namorados entre amigas e rir um bocado dos casais mal humorados enfrentando filas e um péssimo serviço por exigência de uma data comercial).

E se um cara aparecer num desses momentos, pode até ser o tal. Mas porque não deixar que o tempo mostre isso? Viva cada momento, com ou sem ele, sem criar mil e uma expectativas e com mais leveza. Quem sabe você não se surpreende e, talvez assim, fique mais fácil chegar ao tão falado "felizes para sempre"?

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